[Ambientação] Religiões da Última Terra

A Última Terra é um mundo à beira da destruição. Por essa razão, é compreensível porque seus mitos se preocupam muito mais com o fim do que com o princípio. Existem muitas religiões na Última Terra, mas estas são as mais conhecidas.

Existe um pergaminho dourado exibido na Catedral da Luz. Nele constam palavras sobre a hecatombe e a condenação. Ele é mantido num ponto inacessível, protegido por uma linha de guardas reais. Um sacerdote lê:

O céu ficou escuro. Por uma boca sorridente e maligna despejou as trevas sobre a Terra. A escuridão mergulhou o mundo num tormento sem fim. Os homens clamavam pela morte, mas sem jamais alcançar. Não havia esperança ou saída, apenas sofrimento.

Num ato de altruísmo, uma mulher ofereceu seu coração para o céu. Seu nome era Maria e desse gesto nasceu Lumia, a Deusa da Luz, de quem até mesmo as trevas tiveram medo.

Lumia baniu a escuridão e devolveu a Terra aos seus seguidores, prometendo o fim do sofrimento. A Deusa da Luz passou o resto do tempo construindo um lar para a humanidade, mas, quando terminou, estava tão cansada que caiu em sono profundo, prometendo que um dia despertaria para a Salvação.

A Igreja da Luz é, de longe, a religião mais difundida da Última Terra. É a religião oficial do Império da Luz, que governa sobre a maior extensão territorial. Está fundada sobre ideais de pureza, penitência e sacrifício. Sua crença é no retorno e na completude da promessa de Lumia, mais conhecida como Luz ou apenas como divindade. Seus devotos se reúnem em igrejas espalhadas por toda a Última Terra e os cultos são sempre conduzidos por um sacerdote que é diretamente ligado à Igreja e ao Império.

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O POLITEÍSMO BESTIAL

Dizem que, no ventre da Árvore da Vida, uma história está gravada em arte rupestre. Ela fala dos anciões: Arakali, a aranha e tecelã do destino; Hazzur, o polvo e viajante dos sonhos; Tiamat, a tartaruga e mãe dos minérios e das riquezas; e Painalli, o leão, senhor do sol, da luz e do fogo.

Os antigos também desenharam a guerra, a inveja e a traição que se sucedeu: a inveja de Painalli levou Arakali a cair no Abismo, Hazzur a se perder na loucura, Tiamat ao sono eterno e, por fim, ele mesmo a ser destronado pelos seus filhos, os três deuses menores. É por isso que, empenhados em governar de forma justa, os filhos dos primeiros deuses criaram o Conselho, onde os sete povos teriam, cada um, seu representante para que jamais repetissem os erros dos antigos. Mas foi também a inveja do ancião que o fez arder e, daí, criar a luz e o sol.

Não há um conceito de mal na cultura bestial. Há apenas a ideia de excesso. Quando Painalli foi destronado, o que sucedeu foi a noite. Por isso, os deuses menores decidiram que ele governaria metade do tempo, enquanto eles, seus filhos, a outra metade. Isso explica o dia e a noite, mas também supõe que as trevas que cobrem a Última Terra são apenas algo temporário inerente a este ciclo.

Além dos quatro anciões, três outras divindades menores são reverenciadas: Arendel, a mãe das árvores e da abundância; Ankalma, o deus da fertilidade, da morte e do renascimento; e Baldur, pai dos minotauros, da coragem, do amor e da guerra. Dizem que Baldur se apaixonou por Arendel que, por sua vez, amava Ankalma. Por essa razão, amor e ódio são tão próximos, às vezes se confundindo ou tendo a mesma origem.

Cada aspecto da natureza é visto como a presença viva de um dos deuses e, portanto, reverenciado. A maioria dos bestiais é devota a um dos três deuses menores, mas não é impossível encontrar aqueles que se dedicam a um dos anciões. O culto é feito de modo individual, geralmente envolvendo pequenas oferendas. O politeísmo dos bestiais é uma religião que prima, acima de tudo, pelo equilíbrio. Humanos que se converteram a essa religião são muito raros.

O REI DO MUNDO

A escuridão não se espalhou da mesma forma pelo mundo. Ela jamais poderia ter penetrado suas profundezas.

A crença num mundo interior é muito antiga. Dizem que diversas entradas para ele estão espalhadas pela Última Terra e que os primeiros habitantes da cidade de Bahrem é originário de lá, mas ninguém nunca retornou de nenhuma expedição em sua procura.

É dito que este mundo interior é governado por uma entidade conhecida como o Rei do Mundo. De seu trono dourado, o Rei comanda o Sol Interior, lugar para onde todas as almas merecedoras vão no pós-vida. Ele é também um guardião do outro mundo.

Seu culto é realizado em cavernas, muito comuns nas redondezas da cidade de Minas Velhas, onde a crença no Rei do Mundo é a religião oficial. Muitas túneis fechados no extremo Sul da Última Terra são ditos guardar caminhos para essa terra prometida, onde os humanos estarão a salvo da escuridão. Um dos ritos mais curiosos e realizado apenas pelos mais fanáticos consiste na Jornada, onde os devotos mergulham, para jamais voltar, nas profundezas da Terra. Dizem que apenas os merecedores encontram o caminho para o mundo interior.

O SENHOR DO FOGO E DA GUERRA

O fogo purifica tudo. Um dia, o Monte do Juízo Final vai explodir incendiar o mundo para que um novo possa nascer em seu lugar. Apenas os bravos e os fortes sobreviverão.

O Senhor do Fogo é o deus reverenciado em Bahrem, onde a prática de auto-imolação o é oferecida por seus fiéis mais fanáticos uma vez ao ano. Ninguém conhece muito sobre essa religião, uma vez que o povo do Norte é fechado e misterioso, mas dizem que o próprio deus vivo habita o Monte.

A religião do Senhor do Fogo é conduzida pelos sacerdotes vermelhos, um grupo religioso misterioso que funciona à parte do governo da cidade.

AS PROMESSAS DE ESTIGE

Você se esgueira por uma rua escura e vazia. Percorre um beco sinistro e apertado, cujas paredes parecem que vão cair e se fechar a qualquer momento. Lá no fundo, há uma porta discreta. Quando você abre, uma multidão mascarada torna o olhar para ver quem entrou. Mas eles logo se voltam para o sermão:

Dizem que, no princípio, a deusa da visão estava sentada na beira de um precipício, gabando-se de que nada poderia escapar de seu olhar, nem o que foi ou o que seria. Ela foi, então, desafiada a mirar as profundezas do Abismo. O que ela viu lá foi tão fascinante e assustador que ela arrancou a própria face e os próprios olhos, que costurou em um livro, confinando para sempre o conhecimento de sua visão. Desde então, ela é conhecida como Estige, a corruptora.

Também conhecida como a Deidade sem face, a religião de Estige é um culto secreto. Ninguém sabe quem são seus membros – nem eles mesmos. O que significa que eles podem estar em qualquer lugar. É considerado um culto negro e herético, combatido pela Igreja da Luz e a Inquisição.

Ela está entre nós! – anuncia o sacerdote. Ela pode ser qualquer um!

Reza a lenda que, havendo arrancado a própria pele, Estige passou a vestir a dos outros. E assim ela vive até hoje, completamente invisível no meio da humanidade.

Seus objetivos são incertos. Seu culto atrai todo tipo de gente: trapaceiros, criminosos, prostitutas e até assassinos. É um lugar perigoso para frequentar.

É também dito que a Deidade sem face fez uma promessa: que seu conhecimento, confinado do Livro da Verdade, só seria revelado quando suas visões se reunissem debaixo do mesmo teto. O que isso quer dizer ninguém sabe.

Como o culto de Estige é possui estrutura de sociedade secreta, ninguém sabe como fazer parte dele. Para tal, você precisa ser convidado.

ENTROPISMO

Você escuta uma voz muito alta. De repente, todas as pessoas correm como se temessem por suas próprias vidas – e é exatamente isso! A voz dizia:

Todas as coisas vão morrer! – segundos depois, uma pessoa puxa uma faca e marca o próprio rosto com dois horrendos e profundos cortes em X. Em seguida, tenta ferir e matar o maior número de pessoas antes de ser abatida.

O entropismo não é exatamente uma religião. Não é uma organização. É mais uma ideia. Uma ideia nociva que cresce e se alastra como um câncer, silenciosa e mortal. Ninguém sabe como começou.

Entropistas são aqueles que abraçaram o fim inevitável. Eles acreditam que o mundo já passou do seu tempo e que a única saída é abraçar a aniquilação. Não temem seu próprio fim: na verdade, o esperam como uma forma de salvação. O problema é que a maior parte dos entropistas acredita que é sua missão levar esse mesmo fim às pessoas e ao mundo ao redor, o que vem produzindo finais trágicos.

A maior parte dos fanáticos entropistas age de forma completamente individul, mas existem boatos sobre grupos agindo de forma organizada.